BRT, digitalização e acessibilidade: o futuro do transporte coletivo em Anápolis


16/02/2024 - DM Anápolis

Por Aglys Nadielle

Anápolis está a beira da marca de 400 mil habitantes e com o crescimento populacional, o aumento da frota também é impulsionado.


Foto Lucas Tavares


O bom funcionamento do transporte coletivo é peça fundamental para que o trânsito possa ter fluidez, em Anápolis não é diferente e, com o constante crescimento, sempre há detalhes a serem ajustados. Nos últimos dez anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município ganhou quase 70 mil novos habitantes e tem uma expectativa de ainda aumentar esse público. Por isso, a cidade já se prepara para os próximos 20 anos.

Com pouco mais de 398 mil cidadãos, a expectativa é que no próximo Censo Demográfico o número ultrapasse a marca dos 400 mil e, desta forma, esteja ainda mais perto de ter meio milhão de pessoas. Com o crescimento populacional, o aumento da frota de veículos nas ruas também é impulsionado. Atualmente há quase um automóvel por pessoa na cidade, sem contar os visitantes, sendo mais de 315 mil.

Ao DM, o engenheiro civil, doutor em engenharia de transportes, Benjamim Jorge Rodrigues, falou sobre alguns caminhos que Anápolis pode seguir para ter estrutura que suporte o crescimento contínuo em que ela se encontra. Para ele, um dos pontos principais é aprimorar o transporte público, já que, desta forma, pode reduzir o número de carros, e outros tipos, no trânsito.

“Uma cidade que quer se preparar para um crescimento dessa magnitude, a primeira coisa que tem que fazer é se planejar, uma sugestão minha é ter um plano diretor específico para trânsito e transporte, neste plano diretor, várias metas serão colocadas a curto, médio e longo prazo”, disse.

“Para os próximos 20 anos eu faria toda uma reestruturação do trânsito, sinais, vias se é coletora, via local e etc, hierarquização viária e revitalização geral da sinalização. Lembrando que essa sinalização fica em manutenção permanente. Quanto ao transporte urbano, precisa melhorar também a qualidade, fazer com que as pessoas esperem menos nos pontos de ônibus, a gente diminuir a caminhada da pessoa até os pontos de ônibus, ela não pode caminhar mais de 500 metros para pegar um ônibus”, completou.

A indicação, segundo o engenheiro, é criar metas e traçar quais medidas serão feitas para minimizar os efeitos do aumento da frota. Como exemplo ele cita a mudança de local do Terminal Urbano de Anápolis, que atualmente está localizado na parte mais antiga da cidade, no setor Central. Outra medida é a implantação de um modelo de transporte rápido, como o BRT, que atende cidades com até 500 mil habitantes, em média.

“Nós devemos priorizar o transporte coletivo, como o BRT e o VRT, além de colocar o terminal para fora. O VLT atende até 12 mil habitantes, pode começar a implantar assim que Anápolis chegar a 500 mil habitantes”, explicou o profissional.

Um modelo semelhante já foi colocado em prática em Anápolis hoje e, também, já surte efeitos positivos. Igor Lino, diretor da Companhia Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT), detalhou à reportagem que a cidade conta com um corredor de ônibus, instalado na Avenida Brasil e Goiás.

“Podemos citar o incentivo ao transporte coletivo, ao transporte de massa, aos outros modais de trânsito para que a gente reduza a incidência do transporte individual nessas regiões [mais antigas], como por exemplo, foi feito também o corredor exclusivo do ônibus, para aumentar a agilidade do transporte coletivo, principalmente na Avenida Brasil, separando a faixa na Avenida Goiás para que tenha uma chegada mais ágil no terminal”, afirmou.

Pensando no futuro da cidade, Benjamin Jorge dá também outras indicações para que a cidade possa se preparar devidamente. Dentre eles está a modernização, seja de aplicativos que atualizam os horários dos ônibus, ou em semáforos, para dar fluidez às vias de maior fluxo. Essas são ações vistas em smart cities.

“Em um cruzamento de via, a via que tiver mais volume de carros, vai ser oferecida para aquela via automaticamente maior período de verde. Isso agiliza a operação do tráfego, enquanto isso não chega, num primeiro momento, nós podemos planejar diversas ondas verdes para as vias principais”, explicou o engenheiro sobre o semáforo inteligente.

A mesma medida também é citada por Igor Lino, que destaca ainda que essa atualização no parque semafórico atinge diretamente o trânsito. “Outra sinalização que tem um impacto gigantesco, tanto positivo, quanto negativo, é a sinalização semafórica. O que a gente tem feito no Centro, temos feito sucessivas adequações e readequações, ou seja, semáforos sincronizados, com tecnologia moderna, no caso de semáforos inteligentes, ajudam e muito a minimizar esses transtornos”, detalhou.

“As regiões mais antigas, elas têm quadras menores, elas têm regiões mais estreitas e quando você vem com um grande fluxo nessas regiões, tendo problema de fluxo conflitante em um cruzamento, você acaba por travar vários outros porque as quadras são pequenas, a capacidade de veículos é muito menor do que em outras regiões que tem já um planejamento maior, então como você combate isso, com inteligência e planejamento semafórico”, completou.

Já em prática

Além do corredor exclusivo para o transporte coletivo, uma das vias mais movimentadas de Anápolis também conta com a “onda verde”, que é uma forma de combater os grandes problemas de trânsito. A medida acontece na Avenida Goiás, quando há uma sequência de sinalizações verdes, especialmente em horários de pico. “Na onda verde você não sente o impacto de um fluxo tão grande passando por isso, por quadras pequenas, por vias estreias”, explica o diretor da CMTT.

“Isso é algo que também colabora para que a gente consiga absorver todo esse crescimento da frota, todo crescimento econômico e fazer com que a cidade fazer com que, além de gerar mais empregos e uma qualidade de vida melhor, permaneça fluindo bem, permaneça tendo seus deslocamentos de maneira boa”, disse.